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domingo, 20 de agosto de 2017

A ANTIGA CAPELINHA DE SÃO BENEDITO



A primitiva capela de São Benedito de nossa cidade foi construída graças aos esforços de uma comissão de devotos daquele milagroso santo, composta pelos senhores Artur Felisberto de Carvalho (Artur Capitão), Pio Nunes de Azevedo, João de Matos, Otávio José Venâncio, Camilo José Pedro, Julião Ribeiro, Manoel de Matos Filho, Vítor Antônio Teixeira, Cristino Cesário, João Batista dos Santos, Sebastião Firmino Pereira, Dorval Mateus, João Moreira, Antero Arantes e srta. Benedita do Sacramento, com o auxílio de toda comunidade andrelandense e, sobretudo, do virtuoso Pe. Pedro Carvalho Ciruffo.






A Capelinha em construção - 1932








O terreno onde se edificou a capela foi adquirido pela Mitra Diocesana de Juiz de Fora em 29 de setembro de 1930. Naquele mesmo ano, as obras iniciaram-se e o templo, modesto mas sólido, foi terminado em meados de 1936.






A capelinha na década de 1960







Em 27 de setembro de 1936, com a presença do Reverendíssimo Dom Justino José de Santana, Bispo de Juiz de Fora, e dos Padres Francisco Maximiano de Oliveira, vigário de nossa paróquia, Pe. Simphônyo e Frei Benedito, da comitiva episcopal, foi solenemente benta e inaugurada a capela, sendo entregue ao culto daquele glorioso santo que foi, na sua luminosa passagem pela terra, a expressão mais ardente da caridade e humanidade.


A capelinha na década de 1980

Na década de oitenta a pequena e pitoresca capela que ficava situada bem no centro da Praça foi demolida, sendo construída, em seguida, mais aos fundos, a igreja de São Benedito, de arquitetura moderna, projetada pelo engenheiro Jéder José Assis, solenemente consagrada por Dom Antônio Carlos Mesquita, Bispo da Diocese de São João del-Rei, em 15 de outubro de 1989.



A construção da nova igreja, a exemplo do que ocorreu à antiga capelinha, foi possível graças à generosa colaboração da comunidade católica andrelandense, orientada pelo insigne pároco José Tibúrcio do Nascimento, de saudosa memória, falecido em 28 de abril de 1990 e sepultado no interior do templo por ele idealizado.


Atual Igreja de São Benedito

SAUDADES DO PADRE TIBÚRCIO



Durante os meus tempos de menino, em Andrelândia, tive o prazer de conhecer a figura do Padre José Tibúrcio do Nascimento, que assumiu a Paróquia de Nossa Senhora do Porto em 1978, vindo de São Miguel do Cajuru. Ele era natural de Madre de Deus de Minas, onde nasceu em 1942.



Fui coroinha durante o seu Paroquiato e também foi ele quem celebrou a missa de minha primeira Comunhão, na Matriz de Andrelândia.
Sempre muito alegre, carismático e comunicativo, adorava brincar com as crianças e vivia fazendo piadas. Além disso, era um grande empreendedor, sendo ele o responsável pela construção da nova Igreja de São Benedito. 

 Partiu dele, ademais, a iniciativa da primeira restauração dos altares da Matriz Nossa Senhora do Porto, em uma das mais antigas demonstrações de preocupação com o patrimônio cultural da Paróquia.

Mas, infelizmente, seu período de permanência em Andrelândia não foi longo. 

Lembro-me bem da comoção na cidade quando de seu falecimento, pois ele era por todos muito querido.

Transcrevo abaixo parte de um texto escrito pelo Padre Jaime Salgado Pereira a respeito do tema:


"Pe. José Tibúrcio do Nascimento - Aos cinquenta minutos do dia 28 de abril de 1990, após longa e dolorosa doença, um mieloma múltiplo na medula óssea, confortado pelas orações e sacramentos da Igreja, diligentemente assistido por seus parentes, colegas e amigos, falecia, em Andrelândia, o seu Pároco, Pe. José Tibúrcio do Nascimento. Madrugada ainda, justamente às duas horas, seu corpo era conduzido à igreja matriz, onde foi velado. E, ao mesmo tempo, o serviço de alto-falante anunciava ao povo a notícia de sua morte. Não demorou muito, das várias pontas da cidade, acorreram à matriz os paroquianos. E a partir de três horas, teve início a série de missas, celebradas ou concelebradas por sacerdotes da diocese de São João del Rei e da Arquidiocese de Juiz de Fora e da diocese de Volta Redonda. Depressa a cidade foi se enchendo de pessoas vindas das comunidades rurais, das paróquias vizinhas e de vários outros pontos. Firme de caráter, bondoso de coração, de fé cristã viva e ardente, espírito alegre e comunicativo, sacerdote que fazia tudo para todos, o Pe. Tibúrcio possuía o dom de cativar amigos. Cerca de quarenta sacerdotes se fizeram presentes. Infelizmente, o nosso Bispo Diocesano, Dom Antônio Carlos Mesquita, embora o desejasse, não pôde comparecer. Achava-se em Itaici, na Assembléia dos Bispos. Fez-se representar pelo Exmo. e Revmo. Sr. Vigário-Geral, Mons. Juvenal Vaz Guimarães. Eram dezessete horas, quando o féretro deixava a Igreja matriz. Uma multidão calculada em 25 a 30 mil pessoas, sob a emoção que ia das lágrimas às palmas, conduzia seu corpo, rumo à igreja de São Benedito, em cuja praça se celebrou a última missa do dia e, em cujo interior, se lhe deu a sepultura.


Difícil traçar-lhe o perfil humano, a alma cristã e a figura de Pastor. Talvez se possa sintetizar tudo nesta frase, que, em faixa, se ergueu na rua, no dia de seu sepultamento: 'Obrigado, Pe. Tibúrcio, por seu testemunho de homem, de cristão e de sacerdote'."


               Era jovem demais para morrer.

De onde estiver nesse momento, Padre Tibúrcio, pedimos suas orações e a sua intercessão  em benefício do povo de Andrelândia, ao qual sempre serviu com tanta dedicação e amor.

sábado, 5 de agosto de 2017

O BOMBARDEIO AÉREO DE ANDRELÂNDIA EM 1930


A história da Terra de André é recheada de curiosidades, o que a torna muito especial para seus filhos e amigos.

É um orgulho ser andrelandense !

Para além de deter o bar mais antigo em funcionamento do país, de ter sido o provável berço do surgimento da bermuda e do controle de qualidade no Brasil, conforme já escrevemos neste blog, Andrelândia tem em seu "currículo"  o fato de ter sido uma das poucas cidades mineiras a sofrerem bombardeio aéreo.

Não se trata de causo, mas de fato histórico, comprovado documentalmente.

No ano de 1930, quando da Revolução, o município de Andrelândia (do qual ainda não havia se desmembrado Bom Jardim de Minas), fazia divisa com o Estado do Rio de Janeiro, pela Serra do Pacau.
Andrelândia - 1930

Os líderes políticos de Andrelândia (José Gustavo Alves, Gabriel Ribeiro Salgado e José Bernardino Alves Júnior) aderiram à Revolução (comandada por Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba), que tinha por objetivo colocar Getúlio Vargas na presidência da República, em substituição ao presidente eleito, Júlio Prestes.

A força pública federal, sediada no Rio de Janeiro, leal a Júlio Prestes, reagiu.

Foram iniciados conflitos armados nas divisas do Rio de Janeiro com Minas Gerais, inclusive com vários mortos.

Pela sua posição geográfica estratégica, Andrelândia se transformou em um dos principais redutos de resistência e ataques das  forças revolucionárias, que tinham por objetivo evitar a subida das tropas leais do Rio de Janeiro para o território mineiro.

Foram descarrilhados locomotivas e vagões dentro dos principais túneis da ferrovia que nos ligava a Barra Mansa a fim de evitar o avanço das tropas governistas. Nas pontes e pontilhões principais foram  colocadas dinamites que seriam explodidas em caso de avanço dos legalistas.

No dia 10 de outubro de 1930 a tropa revolucionária de Andrelândia, integrada por civis e militares locais e do Rio Grande do Sul,  entraram em combate com as forças legalistas que estavam em Augusto Pestana e derrotaram os inimigos depois de renhido e sangrento combate.



Tropa Revolucionária em Andrelândia, na atual Avenida Nossa Senhora do Porto

Como não conseguiam acessar Andrelândia por terra,  em revide os militares cariocas determinaram que a cidade fosse bombardeada.

No dia 15 de outubro de 1930 um avião inimigo sobrevoou e lançou uma bomba sobre a cidade.

Em razão da falta de precisão do artefato explosivo,  felizmente não houve vítimas.

A bomba caiu na região do Buraco Quente.


Documento que comprova o bombardeio da cidade de Andrelândia


Minha avó paterna presenciou  a cena e me contou, com detalhes, que os soldados que estavam aquartelados onde era a Câmara Municipal (Avenida Nossa Senhora do Porto, acima da casa da família do Sr. Jorge Salomão, onde era o Lactário), ajoelhados no chão dispararam tiros de fuzil e metralhadora contra o avião, o que talvez possa ter contribuído para o insucesso do ataque inimigo.

Contou-me que as famílias estavam apavoradas e depois do bombardeio abandonaram a cidade com medo de novos ataques, refugiando-se nas fazendas.

No final, a corrente revolucionária foi vitoriosa e um dos seus líderes em Andrelândia, o Dr. José Gustavo Alves, foi nomeado Prefeito por Getúlio Vargas. O Dr. José Bernardino Alves Júnior,  a seu turno, foi nomeado Secretário de Finanças do Estado.

Enfim, fomos bombardeados e saímos vitoriosos !

Brava gente andrelandense !

Conte e divulgue essa história.

Andrelândia é uma cidade muito especial !

Se quiser saber mais detalhes sobre o assunto, conheça o livro abaixo.