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segunda-feira, 4 de março de 2013

FÁBRICA DA BAHIA - A SEGUNDA FÁBRICA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE MANTEIGA DE MINAS GERAIS - BERÇO DOS LATICÍNIOS NO BRASIL


Em 1899 foi  construída uma pioneira fábrica de Manteiga na Fazenda da Bahia, na Cidade do Turvo.
O empreendimento foi propriedade do Cel. José Bonifácio de Azevedo, João Zuquim de Figueiredo Neves e José Ribeiro Salgado, sócios da “Azevedo & Cia”. 
É considerada a 2ª fábrica de manteiga de Minas Gerais e do Brasil. 
A manteiga, de ótima qualidade, era vendida em latinhas de meio quilo. As embalagens eram fabricadas no próprio estabelecimento, sendo que o rótulo vinha estampado em lâminas metálicas. Nos primeiros anos de funcionamento a fábrica funcionava sob a responsabilidade de Guilherme Hilker, vindo especialmente da Alemanha para este fim.
 Mais tarde, quando o técnico alemão retornou à sua pátria, assumiu a direção o Sr. Américo Sacramento.

Essa história merece ser melhor conhecida e divulgada. O prédio da fábrica deveria ser protegido como patrimônio cultural do município.
Povo sem memória é povo sem futuro !

Coronel José Bonifácio de Azevedo - um dos fundadores da Fábrica de Manteiga na Fazenda Bahia

 João Zuquim de Figueiredo Neves - Sócio da Fábrica
José Ribeiro Salgado - Sócio da Fábrica

Desenho da Fábrica da Bahia - Dr. Amir Azevedo


O técnico em laticínios Guilherme Hilker

Lata da Manteiga produzida por Azevedo & Cia

MAPA DE ANDRELÂNDIA EM 1939

Veja como a sede do Município de Andrelândia era pequena em 1939.
Somente o centro e um pedacinho de Areão e Rosário.
Como mudou !

domingo, 6 de janeiro de 2013

O TOMBAMENTO EM ANDRELÂNDIA

O TOMBAMENTO EM ANDRELÂNDIA
Dr. Amir Azevedo
Artigo publicado na edição de número 03 do jornal “O Andrelandense”, em fevereiro de 1966

                Na administração honesta e dinâmica de José Fernando, os melhoramentos de nossa cidade se sucedem dia a dia, a despeito dos parcos recursos da Prefeitura.
Esses melhoramentos, juntando-se a outros das administrações passadas e aos realizados por particulares, fizeram de Andrelândia uma cidade bela e confortável. Temos hoje praças bem ajardinadas e iluminadas, sólido e vistoso calçamento de broketes, um empolgante monumento a Cristo Redentos; boas estradas nos ligando aos municípios vizinhos e às Capitais, linha telefônica funcionando muito bem, ótima Santa Casa com eficiente assistência médica, Centro de Saúde, Centro de Puericultura, bons colégios para meninos e meninas, dois grupos escolares, um grande seminário, casa dos Pobres, agencia bancária, agência da Caixa Econômica, bom cinema, prédio moderno dos correios e Telégrafos, campo de aviação, estádio de futebol, boas casas residenciais, hotéis, água abundante em todos os bairros, etc. Tudo isso aliado ao clima agradável e salubérrimo do planalto da Mantiqueira, onde ondulam colinas de suave e elevação, que se perdem no horizonte.
                Apenas lamento, em coro com muitos andrelandenses, certos erros do passado que muito prejudicaram a cidade, como sejam as demolições de casas e edifícios coloniais, preciosos legados de nossos avós. Onde está aquele imponente edifício da Câmara e Cadeia (“Considerada a terceira desta Província, por sua solidez, capacidade e elegância”, no dizer do Dr. Ernesto da Silva Braga), cuja vista muito me impressionava, ali do alto da Invernada, quando, menino, vinha da fazenda, a cavalo, para as festas, com meus pais e irmãos , ou quando, estudante, chegava, de trem, do Rio em férias ? Foi criminosamente demolido !
                O que é feito do interessante sobrado colonial, que pertenceu a um dos titulares da monarquia, de nossa terra: o Barão do Cajuru ? Foi também demolido. Felizmente, ainda nos restam três desses sobrados antigos: o dos “Pinheiros”, velho solar do |tenente Gabriel Ribeiro Salgado, meu bisavô materno, que foi proprietário da Fazenda dos Pinheiros. Esse sobrado hoje pertence a um de seus descendentes – o primo Odilon Salgado; o que pertenceu à família do Barão do Cabo Verde, hoje propriedade do Dr. Edson de Rezende Meirelles, médico de bom gosto, que o restauros, salvando, assim, do desaparecimento esse valioso patrimônio da cidade; e o que foi de Bonifácio Antônio de Azevedo (meu bisavô paterno), da fazenda das Laranjeiras hoje propriedade do primo Ronan Salgado.
                Outra cousa que me entristece em Andrelândia é ver os proprietários de curiosas casas de estilo colonial, substituírem suas telhas primitivas, de canal, por modernans telhas rancesas, crentes que estão embelezando suas residências, quando na verdade, estão transformando-as em  verdadeiros monstrengos. As tais platibandas, que muitos colocaram nessas casas, além de desvirtuarem o estilo, trazem o inconveniente do uso obrigatório de calhas, que, quase sempre, levam água para dentro da casa, o que é um grande inconveniente.
                Até mesmo a antiga residência do Visconde de Arantes, com aqueles belos e artísticos caixilhos, emoldurando vidros coloridos, está hoje desgraciosamente coberta de lelhas francesas ! Que pena ! Nossa Igreja Matriz, também dos tempos coloniais, como muitas outras de velhas cidades do Brasil, sofreu mutilações !
                O soalho antigo de tábuas com números marcando, por certo, as sepulturas de pessoas gradas do local, foi substituído por ladrilhos, não sendo mais possível saber-se  quais essas pessoas.
                Dois interessantes coretos laterais, que davam mais espaço à igreja, foram, sem motivo aceitável, retirados. Também não mais existem as antigas pinturas sacras do Téo da capela-mór. Aliás esses erros se cometeram e ainda se cometem em muitas de nossas cidades, mesmo nas grandes capitais. José Fernando falou-me, certa vez, em pleitear perante os poderes competentes o tombamento de alguns edifícios de Andrelândia. É uma ideia digna de todos os aplausos e que deve ser posta em prática, porque assim evitaríamos desgostos futuros, como os que experimentamos com as demolições dos prédios acima citados.
                José Fernando, você que tem feito tantos benefícios a sua terra, faça mais um: consiga esse tombamemto.
Amir Azevedo

OBS: Filho do Cel. José Bonifácio de Azevedo e de Carlina Umbelina Salgado, o Dr. Amir Azevedo nasceu em 13 de novembro de 1899 na Fazenda Bahia, em Andrelândia. Formado em medicina no RJ, é autor do Livro “Meus Dias”, onde o artigo acima foi reproduzido
O tombamento de prédios históricos pretendido na década de 1960  não se concretizou a tempo de evitar outras grandes perdas para o patrimônio cultural da cidade. Lamentavelmente foram demolidas na Avenida Nossa Senhora do Porto as casas coloniais do capitão Tobias de Paula Campos, de Dona Olga Carvalho Salgado (atual prédio da Telemig), da “Dinha”,  do Major João Zuquim de Figueiredo Neves,  do Cel. Joaquim Tibúrcio de Carvalho e parte da casa do Sr. Henrique de Andrade Alves.
Nos dias atuais, torna-se inadmissível admitir-se novos desfalques no conjunto arquitetônico histórico da cidade de Andrelândia.