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domingo, 25 de março de 2018

HISTÓRIA DO CORETO DE ANDRELÂNDIA


Segundo o dicionário, Coreto (com significado de pequeno coro) é uma cobertura, situada ao ar livre, em praças e jardins, para abrigar bandas musicais em concertos, festas e romarias


Panorama de Andrelândia e seu Coreto

Antigamente, ante a ausência de microfones e caixas de som para comunicação,  o coreto funcionava como uma espécie de parlatório, e ficava situado na parte mais importante da cidade, sendo usado para avisos e pronunciamentos sociais ou políticos de relevo.

Enquanto o Coro das Igrejas era destinado a coisas do mundo espiritual, o Coreto, situado nas Praças, destinava-se às coisas mundanas. Era um espaço de manifestações com menor rigidez e controle, mais democrático e menos formal.


Assim, o coreto era um elemento essencial das cidades antigas, verdadeiro palco das mais diversas manifestações sociais, tais como apresentações musicais, avisos importantes e discursos. Daí, inclusive, surgiu a expressão “Bagunçar o coreto”, com o significado de atrapalhar ou sabotar acontecimentos importantes.


Conquanto os coretos existam de forma rotineira nas cidades de Minas Gerais, suas origens são antiquíssimas, residindo no remoto Oriente.


Presentes em Portugal e em vários países da Europa, para lá foram levados em razão do contato com culturas orientais no período das Cruzadas. Aventa-se a hipótese da origem mais remota dos coretos estar na China.


Em Andrelândia, a referência mais antiga que obtivemos a respeito de um coreto data de 1928, quando a Câmara Municipal autorizou que um fosse construído. O local, como de costume, estava situado bem defronte à Igreja Matriz, no centro da praça localizada na chamada Rua Direita, posteriormente denominada Avenida Getúlio Vargas e Nossa Senhora do Porto.


Coreto de Andrelândia em 1933

Há registros de várias apresentações musicais lá realizadas pelas bandas da cidade. Tratava-se de uma construção com base de alvenaria, em formato octogonal, com grades, pilares e cobertura de metal, como pode ser observado na fotografia abaixo.


Coreto na década de 1940

Contudo, por motivos desconhecidos, o antigo coreto foi destruído por volta da década de 1950, abrindo uma lacuna na vida andrelandense, que se viu destituída de local de destaque para manifestações culturais e sociais.


Durante décadas eram comuns os lamentos de várias gerações em relação à demolição do coreto, até que, em 2016, um novo foi construído pela Prefeitura, maior e com feições mais modernas, conquanto ocupando o mesmo local do antigo.





Atual Coreto de Andrelândia


Esperamos que, mais do que representar uma mera inserção arquitetônica rememorativa na paisagem da cidade, o Coreto de Andrelândia possa ser utilizado e fruído como local democrático de manifestações das artes e do sentimento do povo da Terra de André.

Essas as suas origens e esse o seu destino.


Vamos valorizar o Coreto !

domingo, 4 de março de 2018

CINE CAPIVARI - PATRIMÔNIO CULTURAL DE ANDRELÂNDIA

Situado na Avenida Coronel José Bonifácio, esquina com a Rua Dr. Ernesto Braga, o imponente prédio do antigo Cine Capivari é um dos marcos da arquitetura modernista na cidade, além de guardar muitas  boas histórias dos tempos em que a televisão ainda não habitava os lares andrelandenses.





O prédio do Cine Capivari e a caprichada logomarca estampada nas poltronas de madeira


O local, além de funcionar como sala de projeções, era utilizado para a realização das principais solenidades de Andrelândia,  a exemplo de reuniões públicas e festas de formatura.





Festas de formatura do Cine Capivari

A construção do prédio, que não deixava nada a desejar se comparado com as mais importantes salas de exibição  do país, foi a realização de um sonho do Sr. Aníbal Teixeira ,  que era apaixonado pelo mundo da "sétima arte".

Sr. Aníbal chegou a vender a Fazenda Campina Verde para investir todo o valor no empreendimento que objetivava trazer uma nova opção de lazer e cultura para o povo de Andrelândia, uma vez que o antigo Cine Glória havia fechado suas portas e a cidade carecia de novas oportunidades de entretenimento.

Conquanto tivesse recebido a proposta de investir os recursos em uma rede de cinemas em Brasília, onde tinha muitos amigos, ele preferiu aplicar seu dinheiro na Terra de André e batizar o cinema com o nome de uma de suas fazendas no município: Capivari.

Sr. Aníbal Teixeira  (1912-2004) 
O grande idealizador do Cine Capivari

Sr. Aníbal com a família no terraço do Cine Capivari





Programação semanal - 1965



A construção, iniciada por volta de 1958, ficou a cargo da empresa carioca do Dr. João Kabderian (Ohannes Kabderrian, natural da Armênia, nascido em 14 de janeiro de 1922, filho de  Hagop Kabderian e de Marian Kabderian), ficando responsável pelo acompanhamento da execução das obras o espanhol João Cabanellas.


A obra era de tamanha monta que o Sr. Aníbal  Teixeira teve que comprar um caminhão para auxiliar no transporte de materiais e dos operários.

Caminhão adquirido para auxiliar nas obras do cinema

Com 800 poltronas de madeira e com maquinário moderno adquirido em Belo Horizonte, o Cine Capivari abriu as portas no ano de 1961. Durante a exibição de sucessos como Spartacus, Ben Hur, Últimos dias de Pompeia e Mazzaropi, o público era tão grande que muitos assistiam a projeção em pé e de bom gosto.

Os rolos de filme chegavam pelo trem e vinham da cidade de Soledade.



Máquinas de projeção


Situação atual do interior do Cinema


Vista da sala de projeção com o detalhe do peixe no teto



Ali trabalhavam Sebastião Rodrigues de Almeida (operador de máquinas), José Rodrigues de Almeida (assistente),  Antônio Henrique de Souza (serviços gerais), Horácio Caetano de Arantes (porteiro) e Maria Célia Ribeiro Teixeira, filha do Sr. Aníbal, que era a responsável pela parte administrativa do empreendimento.

Atestado de funcionamento do Cine Capivari 

Em 1966  o Sr. Aníbal vendeu o cinema para o Sr. Aquim Naor Ribeiro Guimarães.

A partir de então, o nome do estabelecimento  foi mudado para Cine Alvorada, a respeito do qual escreveremos em outra oportunidade.

Ao Sr. Aníbal Teixeira, o nosso reconhecimento e os nossos agradecimentos pelo gesto de grandeza que proporcionou tanto lazer, cultura e diversão para o povo andrelandense.  A sua memória e a trajetória do Cine Capivari constituem parte imperecível da história da Terra de André !

Esperamos que o exemplo de desprendimento que nos foi legado inspire as atuais gerações para que o espaço do antigo Cine Capivari, infelizmente abandonado, seja recuperado e colocado, novamente, a serviço da comunidade andrelandense.

Oxalá !