Como sempre temos salientado neste Blog, nem só de Viscondes, Barões e Coronéis é feita a história de Andrelândia.
Pelas ruas da cidade andam pessoas simples que integram o patrimônio cultural e afetivo da Terra de André.
É preciso ter sensibilidade para identificar e registrar cada um desses quase anônimos personagens que convivem conosco há décadas e nem sempre recebem o necessário reconhecimento ainda em vida.
Neste post registramos a nossa admiração e carinho por um dos mais populares personagens de Andrelândia.
De pequena estatura, fala rápida e muito comunicativo, Joaquim Silvério de Andrade recebeu o pseudônimo pelo qual é conhecido quando ele ainda era criança e adorava subir em bancos da Avenida principal da cidade e fazer pregações imitando as falas e os gestuais dos padres que passavam por Andrelândia.
O pequeno imitador dos pregadores logo recebeu o apelido de Preguinho.
Nascido em Andrelândia em 16 de novembro de 1947, Joaquim Silvério de Andrade, o popular Preguinho, é um dos quatro filhos do casal Geraldo Silvério de Andrade (n. 1912), casado em 09 de junho de 1934 com Maria da Conceição Silva (n. 1910). Neto materno de Maria José da Silva e paterno de Sebastiana Cândida da Conceição.
Os ancestrais de Preguinho, segundo ele mesmo afirma, eram escravos que trabalhavam na Fazenda das Laranjeiras, em Andrelândia, uma das mais antigas e opulentas propriedades rurais da cidade.
Nascido e criado no Bairro Areão, que é uma de suas paixões, Preguinho fez seus estudos primários no Grupo Escolar Alfredo Catão, aprendendo a ler e escrever com Dona Aparecida, mulher do Sr. Alfredo Salgado. Posteriormente concluiu a 8a. série no Ginásio Visconde de Arantes, onde estudou, dentre outros, com os professores Zé Athaíde, Dipa e Mário Martins.
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Ainda na adolescência começou a trabalhar na torrefação de café do Sr. Jorge Salomão, onde permaneceu até a década de 1970.
Em seguida foi contratado como garçom do Bar e Restaurante Bartalo, o afamado estabelecimento do Luis Português, no Rosário, onde Preguinho serviu, sempre com alegria e boa vontade, grande parte da população andrelandense, além de muitos turistas e viajantes. Lá permaneceu por mais de duas décadas.
Hoje em dia continua trabalhando como garçom no Bar do Lucas, na entrada do Areão, mas tem se dedicado a outras tarefas, procurando valorizar a cultura negra na cidade.
Há sete anos Preguinho assumiu a presidência da Associação Afro Cultural de Andrelândia e tem feito um belo trabalho, auxiliando a realizar anualmente, por ocasião da Festa de São Benedito, a Missa Afro, seguida de danças típicas, além de ter promovido encontros nas localidades rurais do Município procurando resgatar a identidade e o orgulho dos negros.
O sonho dele, atualmente, é conseguir uma sede para a Associação no bairro Areão, a fim de potencializar as ações em defesa e valorização da cultura africana em nossa cidade.
Pessoa simples e de grande coração, Preguinho merece todo o respeito e consideração do povo de Andrelândia.
Que seus sonhos se transformem em realidade !
Em um mundo que, infelizmente, vive tempos de ideologias extravagantes, artificiais, superficiais e, não raras vezes, oportunistas, é gratificante saber que entre nós existem pessoas como Preguinho, genuíno, discreto e desapegado defensor das origens da sua raça em Andrelândia.
Preguinho é patrimônio cultural vivo da Terra de André.
Vida longa a ele !