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quinta-feira, 17 de abril de 2025

JOÃO NARCISO, UM ANDRELANDENSE BENFEITOR DA CIDADE DE CONGONHAS – MG

 

Por: Marcos Paulo de Souza Miranda

 

Na madrugada de 25 de junho de 1913, às quatro horas, vinha à luz, na antiga Cidade do Turvo, que receberia a denominação de Andrelândia em 1930, o menino João Narciso, filho de Pedro Luis de Almeida e Josina Alves de Sá. Descendente de antigos troncos genealógicos andrelandenses, o pequeno João Narciso era neto paterno de José de Almeida Moraes e de Cândida Maria de Jesus. Neto materno de Antônio Narciso Ferreira Leite de Maria Ferreira de Sá.

João Narciso (1913-1983)

Foi batizado na Matriz de Andrelândia em 12 de outubro de 1913 pelo padre Carlos Muller, tendo como patrinhos João Narciso de Sá e Lucinda Luiza de Jesus.



RegistrRRegistro de batizado de João Narciso

Nascido em lar religioso, desde a juventude demonstrou extrema devoção a Nossa Senhora Aparecida, que tomou como sua guardiã.


Cursou o primeiro grau no Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, um dos melhores educandários da região à época. Trabalhou como telegrafista da Rede Mineira de Viação -RMV na cidade de Tiradentes.

Na sequência, foi para Belo Horizonte, onde estudou no Colégio Anchieta, trabalhou como bancário e atuou como  juiz de futebol amador.

No ano de 1945 casou-se com Maria da Glória Pinto, natural de Barbacena, nascendo, do enlace, as filhas Geysa Narciso Maximiano Barcelos e Gelta Pinto Narciso.

Homem empreendedor, culto e de visão, na década de 1950 iniciou suas atividades de comercialização e distribuição de combustíveis no município de Congonhas por ocasião da construção da rodovia denominada BR 3 (atual BR 040), abastecendo veículos, inicialmente com o uso de um caminhão que percorria a rodovia, e, na sequência, por meio de um posto de combustíveis que implantou na localidade de Joaquim Murtinho, às margens da referida rodovia.

De espírito desprendido e caridoso,  no ano de 1953 doou um expressivo lote de terras para que fosse construída, na localidade de Joaquim Murtinho, uma escola pública que pudesse atender todas as crianças e jovens da região, evitando a antiga necessidade de deslocamento para Congonhas ou Lafaiete para tanto.







Referida escola hoje leva seu nome e é o principal equipamento de ensino do Distrito de Joaquim Murtinho, em Congonhas, atendendo  estudantes de diversas localidades, como Joaquim Murtinho, Cidade Jardim, Vila Marques, Vila Cardoso, São Luiz, Alto Maranhão e Jardim Profeta. Além da Educação Infantil, conta com turmas de 1° ao 9º ano do Ensino Fundamental e oficinas específicas de Jiu-Jitsu, futsal, handball, português e matemática.

Uma das ruas de Joaquim Murtinho também leva o nome de João Narciso, o grande benfeitor da localidade.

O benemérito João Narciso, filho de Andrelândia, faleceu em Belo Horizonte em 29 de maio de 1983, deixando seu nome registrado nas páginas da história da tricentenária Congonhas do Campo.

 

Fontes e referências:

Cartório de Registro Civil de Andrelândia – Livro 12-A, Assento 68, p. 25/25v.

André Candreva – Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas

Biblioteca da Escola Municipal João Narciso. Entrevista com: Margarida Leão Nascimento

 

domingo, 6 de abril de 2025

DR. MARCOS RIBEIRO DE AZEVEDO: PIONEIRO NA DEFESA DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM ANDRELÂNDIA


Por: Marcos Paulo de Souza Miranda


Nos dias de hoje podemos dizer que, em Andrelândia, há uma razoável consciência coletiva sobre a necessidade de preservação dos bens integrantes do patrimônio cultural existentes no território do município, como casarões antigos (urbanos e rurais), igrejas e capelas, construções da época da instalação da ferrovia, grutas e sítios arqueológicos,  entre outros.

Andrelândia atualmente é muito conhecida e valorizada fora de suas fronteiras exatamente em razão da beleza de seu traçado urbano e da existência de um patrimônio cultural bem preservado e difundido, o que acaba por despertar uma ponta de orgulho nos moradores e amigos da cidade, que ficam envaidecidos ao perceberem que a “Terra de André” vem se firmando como novo destino turístico de Minas Gerais

Mas é preciso ressaltar que esse nível de consciência foi alcançado apenas em tempos mais recentes, e decorre de muito trabalho de pessoas que, há longas décadas, vêm lutando para que a comunidade andrelandense perceba o valor de suas riquezas culturais, naturais e turísticas e passe a defendê-las.

 


Dr. Marcos Azevedo junto às pinturas rupestres da Serra de Santo Antônio 

aos 87 anos de idade


Entre essas pessoas, ganha especial destaque o Dr. Marcos Ribeiro de Azevedo, conhecido na cidade como “Dr. Marcos”, homem culto e de visão, que, durante várias décadas, sempre buscou conhecer, proteger e difundir as riquezas andrelandenses e formar novos atores e lideranças capazes de dar continuidade a essa tarefa.


 


      Dr. Marcos (à direita), com a família, na Serra de Santo Antônio, na década de 1960


Simples e gentil no trato, bem-humorado e com enorme energia, Dr. Marcos conhecia boa parte do território andrelandense, por onde fazia caminhadas pelas serras e gostava de visitar velhas fazendas e locais de potencial histórico e arqueológico, que sempre procurava registrar em fotografias. 

Era leitor contumaz de obras históricas sobre Minas Gerais e, generoso, sempre presenteava seus amigos e pupilos com livros e artigos a respeito do assunto, difundindo o conhecimento e induzindo a iniciativa de novas pesquisas e descobertas.


Dr. Marcos de Azevedo (à esquerda) em piquenique  na pedra do Serrote

 na década de 1950


Os integrantes do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do Alto Rio Grande (NPA), responsáveis pela criação do Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio, por exemplo, foram quase todos amigos e pupilos do Dr. Marcos de Azevedo. 

Aliás, na década de 1990, Dr. Marcos foi um grande entusiasta e incentivador da criação e implantação do Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio, onde sempre estava presente, mesmo quando já se aproximava dos noventa anos de idade.

Nosso homenageado carregava no sangue o amor pela história e as coisas antigas, pois era filho do Dr. Álvaro de Azevedo (esse, por sua vez, filho do Cel. José Bonifácio de Azevedo) e dona Maria da Glória Ribeiro Azevedo. Dr. Álvaro de Azevedo foi pioneiro na historiografia andrelandense, sendo autor dos livros “Andrelândia – Aspectos de sua vida política e social” e “Reminiscências”, obras essenciais para quem quer conhecer os antigos fatos e personagens da nossa cidade.

Nascido em Quatis-RJ em 11 de maio de 1926, Dr. Marcos Azevedo fez o curso técnico de Agronomia em Viçosa, cursou Direito na Universidade Federal Fluminense e Filosofia na Associação Barra-mansense de Ensino, em Barra Mansa - RJ.

Em Andrelândia, onde possuía casa e permanecia longas temporadas com frequência, sempre participava e apoiava as ações e movimentos relacionados à cultura, ao meio ambiente e ao turismo. Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de abril de 2019, com quase 93 anos de idade.

Enfim, Andrelândia deve ao Dr. Marcos de Azevedo, em boa parte, o status que hoje ostenta de cidade ligada à preservação do patrimônio cultural, razão pela qual a ele rendemos as nossas mais sinceras homenagens e o  formal registro de agradecimento pelo que fez, voluntária e desinteressadamente, em benefício de todos !

Obrigado por tudo, caro amigo.