A escravidão de negros não era algo que estava restrito somente a grandes e movimentadas cidades, tais como Ouro Preto, Diamantina, Rio de Janeiro e Salvador.
Em todos os recantos do país a mão de obra cativa era peça fundamental para o funcionamento da economia colonial.
E em Andrelândia, a antiga Cidade do Turvo, nada foi diferente.
Para se ter uma ideia, em 1872 existiam em Andrelândia 1.626 escravos !
A grande maioria morava nas antigas fazendas, tais como Bicas, Paraíba, Bahia, Maranhão, Laranjeiras, Pedras, Pinheiros, Safira etc.
Em algumas delas ainda existem remanescentes das antigas senzalas. Há vestígios da produção cerâmica de origem africana em várias partes da cidade e já tivemos a oportunidade de ver cachimbos e pedaços de potes daqueles tempos.
Na Fazenda das Bicas há, inclusive, os vestígios de um antigo cemitério onde eram sepultados os escravos do potentado Barão do Cajurú.
A quantidade de negros cativos deveria ser tão grande que o transporte dos corpos para sepultamento no cemitério do Arraial, situado a apenas duas léguas, constituiria um incômodo.
A quantidade de negros cativos deveria ser tão grande que o transporte dos corpos para sepultamento no cemitério do Arraial, situado a apenas duas léguas, constituiria um incômodo.
Os escravos, principalmente aqueles que dominavam profissões de importância, tais como pedreiro, carpinteiro, músico etc., eram muito valorizados economicamente.
Quando fugiam, normalmente anúncios com promessas de recompensas pela captura e devolução eram divulgados nos principais jornais da região, como demonstra a figura acima.
Quando fugiam, normalmente anúncios com promessas de recompensas pela captura e devolução eram divulgados nos principais jornais da região, como demonstra a figura acima.
Escravos carpinteiros
Em nossas pesquisas, entre muitos outros registros, descobrimos, por exemplo, que em 15 de fevereiro de 1874 um escravo do Senhor José Justino de Azevedo, que era dono da Fazenda das Laranjeiras, na Cidade do Turvo, quando estava fazendo serviços em São Domingos da Bocaina (atual distrito de Lima Duarte, nas proximidades do Matutú), de lá fugiu carregando todas as ferramentas utilizadas em sua profissão de carpinteiro.
O interesse pela prisão e devolução do escravo Jacintho foi de tamanha monta que o proprietário fez a divulgação da fuga no Diário do Rio de Janeiro, na então Capital do País, prometendo gratificação.
Abaixo, a reprodução da notícia.
Enfim, Andrelândia contou com a presença escrava na formação de sua história desde a sua fundação. A cidade não existiria sem a contribuição daqueles homens fortes, de fibra e que tanto sofreram em tempos de verdadeira barbárie.
Fubá, jabá, farofa, angu, caxumba, cangote, babá, marimbondo, inhame, tutú e batuque são algumas das palavras das quais nos valemos cotidianamente e que são herança da cultura africana em nossa cidade.
Fubá, jabá, farofa, angu, caxumba, cangote, babá, marimbondo, inhame, tutú e batuque são algumas das palavras das quais nos valemos cotidianamente e que são herança da cultura africana em nossa cidade.
Nos dias de hoje, muitos ainda são os descendentes dos negros africanos que moram, trabalham e contribuem para a continuidade e o progresso da Terra de André.
A todos eles, as nossas homenagens e o nosso mais sincero reconhecimento.
De nossa parte, temos orgulho de contar em nossa ascendência materna com o sangue da negra Sebastiana Maciel, nossa querida tetravó.
Para saber mais sobre a história da escravidão em Andrelândia, conheça o livro:
Andrelândia - 3500 anos de história.
Veja em:
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAté que o 13 de Maio enfim chegasse, essa foi uma triste história vivida no mesmo chão que os andrelandenses hoje pisam. Costumamos estudar história como algo distante de nós, no entanto, quando menos esperamos, nos deparamos com episódios intrínsecos como esse. Por homens de vida amarga como esses foragidos que há muitos anos foi produzido esse açúcar que adoça nosso café dos dias de hoje.
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