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terça-feira, 24 de outubro de 2017

HISTÓRIA DA PRODUÇÃO DE QUEIJOS EM ANDRELÂNDIA





O queijo é um dos produtos mais característicos do Sul de Minas Gerais e está presente na história de Andrelândia desde os seus primeiros tempos.

Já no século XVIII os antigos povoadores da cidade produziam artesanalmente nas fazendas o conhecido “queijo mineiro”, confeccionado com leite de vaca, coalho de capivara e sal.

Ainda encontramos em muitas propriedades rurais do município as antigas queijeiras (mesas para moldagem e prensa) e formas de madeira que eram utilizadas no processo de produção do apreciado produto.


Queijeira e formas utilizadas na fabricação do queijo mineiro artesanal em Andrelândia


No século XIX a produção de queijo em Andrelândia e região aumentou consideravelmente em razão da alta demanda do Rio de Janeiro, para onde a Corte Portuguesa se mudou. 

Os queijos eram colocados em jacás (cestos cilíndricos de bambu) e transportados para o Rio em tropas de burros que seguiam pelo Caminho do Comércio, rota colonial que ligava o Rio de Janeiro a São João del-Rei, passando por Madre de Deus, Andrelândia, Bom Jardim, Rio Preto, Vassouras, Valença e Nova Iguaçu.



Antigamente os queijos de Andrelândia eram transportados para o Rio de Janeiro em cestos de bambu, carregados por tropas 


Em 1887 o Dr. Ernesto da Silva Braga, primeiro historiador da cidade, registrou na “Descripção da Cidade do Turvo e seu Município na Província de Minas”,  que  “está bastante desenvolvido o fabrico de queijos, os quais tem muita aceitação devido à sua excelente qualidade”.

Em 1904 os comerciantes Andrés, Antunes & Cia vendiam em Juiz de Fora o queijo creme sul-mineiro produzido por Francisco Zuquim de Figueiredo Neves no Turvo, considerado superior aos queijos do Reino.   

A partir da segunda década do século XX houve uma inovação na produção de queijos na cidade, introduzida pelos industriários turvenses José Gustavo Alves, Veridino  e Diógenes Ribeiro Salgado, que passaram a produzir queijos mais finos na Fábrica Salgado Alves, como o prato, parmesão, cobocó, lanche, entre outros, transformando Andrelândia em um dos mais importantes pólos  de laticínios de Minas Gerais.



José Gustavo Alves, Veridino e Diógenes Ribeiro Salgado (principais fabricantes de queijo de Andrelândia) com as esposas passeando no Rio de Janeiro - Década de 1930.

Eram dezenas as fábricas espalhadas pelas fazendas da cidade e da região, além de algumas na sede do município.






































A fábrica de Laticínios Salgado Alves foi das mais importantes da história de Andrelândia


Para se ter uma ideia, veja os números da produção de laticínios de Andrelândia em 1923 (Annuario Estatistico de Minas Gerais 1922 – 1925. Belo Horizonte. Imprensa Oficial. 1929. Vol. II. p. 395):


·         154.527 kg de manteiga
·         50.400 kg de queijo Cobocó
·         10.700 kg de queijo Edan
·         23.500 kg de queijo Parmeson
·         26.400 kg de queijo Prato
·         321.000 kg de queijos de outros tipos.

No ano de 1934 foi fundada em Andrelândia, na Rua da Estação,  a Fábrica de Laticínios Salgado & Cia, com capital de 130 contos de réis. O empreendimento contava com fábricas situadas ainda nas localidades de Rabelo, São Bento, Cruzeiro, Boa  Vista e Ibertioga. Produzia-se manteiga e queijos creme, prato e cobocó das marcas Botafogo, Corcovado, Riachuelo, Aymoré e Humaitá. Eram sócios da Fábrica de Laticínios Salgado & Cia., dentre outros, Gabriel Ribeiro Salgado e José Tibúrcio Salgado




Foram muitas as fábricas de queijos finos que operaram em Andrelândia durante o século XX


A produção destinava-se, sobretudo, às grandes capitais, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, e, durante bom tempo, a ferrovia foi utilizada como meio de escoamento dos produtos.

A partir da década de 1970 as fábricas andrelandenses de queijos diminuíram em quantidade.

Atualmente, dois grandes e bons laticínios industriais operam na cidade produzindo queijos de ótima qualidade: Rosena e Yema.

Enfim, se o queijo é uma das marcas da identidade de Minas Gerais, Andrelândia pode se orgulhar de contribuir, há mais de três séculos, para essa característica e boa fama do nosso Estado.



Conheça, experimente e divulgue os queijos de nossa cidade !

Se quiser saber mais detalhes sobre o assunto, conheça o livro abaixo.

domingo, 1 de outubro de 2017

HISTÓRIA DA IGREJA DO ROSÁRIO DE ANDRELÂNDIA


A Igreja do Rosário de Andrelândia é, sem dúvida, um dos principais patrimônios de nossa querida cidade. E tem uma história muito interessante...


Tudo teve início no ano de 1816, quando “os homens pretos libertos e captivos moradores na Aplicação da Capella de N. Snrª do Porto do Arrayal do Turvo” dirigiram a Dom João VI, então Príncipe Regente do Brasil, um pedido de autorização para a construção de um templo  no alto do morro “no lugar antes de chegar à ponte”, em terreno que haviam doado pela pessoa de Lourenço Gonçalves.

Pretendiam os requerentes a construção de uma Capela com três altares, onde seriam colocadas as imagens da padroeira Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e de Santa Efigênia, santos de devoção particular dos negros.

Em 30 de maio  de 1817 Dom João  concedeu a autorização para que pudessem construir o templo, cujas obras foram muito lentas em decorrência da falta de recursos financeiros dos escravos e também da falta de tempo para trabalharem na edificação, uma vez que somente depois de cumpridas as tarefas diárias é que os homens cativos podiam se dedicar à sua construção.



No ano de 1825 os Irmãos da Capela de  Nossa Senhora do Rosário do Arraial do Turvo elaboraram o Compromisso da Irmandade, que foi aprovado no ano de 1830. A associação tinha por objetivo angariar esmolas para a construção e melhorias do templo, além de organizar procissões, festas e a tradicional coroação de reis e rainhas da Irmandade.





O tenente Manoel Teixeira Marinho, falecido em Madre de Deus aos 15 de março de 1834 legou, em testamento, cinquenta mil réis para as obras da Capela de Nossa Senhora do Rosário, o que comprova que os escravos também recebiam auxílio financeiro de seus senhores para a construção do templo.


Estima-se  que os trabalhos de construção e acabamento da Igreja do Rosário tenham durado mais de oitenta anos. Sabe-se que o altar-mor, por exemplo, foi concluído em 1896, sendo obra do artífice Manoel Gonçalves Ferreira.
            A respeito desta Igreja, eis o que noticiou o periódico local "O Amigo do Povo", em sua edição de 08 de julho de 1906:

"A devoção de Nossa Senhora do Rosário nas pessoas de seus membros abaixo assignados, vem fazer um appelo aos devotos d'aquella Nossa Senhora, afim de que se possa angariar donativos para a grande reforma que vae ser intentada pela mesma devoção na Capella de N.S. do Rosário que, após os grandes temporaes cahidos no começo deste calamitoso anno, se acha em lamentavel estado e necessitando desses urgentes concertos. Os concertos a se realizarem montam em uma soma superior à que existe nos cofres da devoção e, sem o auxílio dos devotos, para cuja caridade appellamos, impossivel será se effectuarem aquelles trabalhos, sem os quaes caminha a elegante capella para uma ruína certa. Os abaixo assignados vão distribuir listas entre os negociantes desta cidade e alguns devotos das circunvizinhanças, afim de facilitar o angariamento das espórtulas e desde já vão antecipando os seus maiores agradecimentos a todos aqueles que accederem ao justo pedido. Cidade do Turvo, 03 de junho de 1906 (aa) Thesoureiro - Gustavo Ernesto Alves, Secretário - Martiniano Gonçalves Cardoso, Procurador Ernesto de Andrade Alves".

            Em julho de 2003, por iniciativa do Pe. Domingos Sávio da Silva, foi iniciada a maior e mais completa reforma pela qual o templo já passou em seus quase dois séculos de existência. As obras foram custeadas pela comunidade católica andrelandense com o auxílio da empresa FURNAS S/A. Toda a reforma foi projetada e acompanhada pelo arquiteto José Marcos Alves Salgado, que procurou preservar ao máximo a originalidade do templo e destacar a beleza de seus elementos artísticos.
            Em 05 de março de 2005 a Igreja do Rosário – marca da arquitetura colonial mineira e testemunha da devoção dos escravos a Nossa Senhora - foi entregue novamente ao povo andrelandense, que tem razões de sobra para se orgulhar da recuperação deste nosso valioso patrimônio cultural.

Se quiser saber mais detalhes sobre o assunto, conheça o livro abaixo.

http://terradeandre.blogspot.com.br/2017/02/livro-andrelandia-3500-anos-de-historia.html