A Igreja do Rosário de Andrelândia é,
sem dúvida, um dos principais patrimônios de nossa querida cidade. E tem uma
história muito interessante...
Tudo teve início no ano de 1816,
quando “os homens pretos libertos e
captivos moradores na Aplicação da Capella de N. Snrª do Porto do Arrayal do
Turvo” dirigiram a Dom João VI, então Príncipe Regente do Brasil, um pedido
de autorização para a construção de um templo
no alto do morro “no lugar antes
de chegar à ponte”, em terreno que haviam doado pela pessoa de Lourenço
Gonçalves.
Pretendiam
os requerentes a construção de uma Capela com três altares, onde seriam
colocadas as imagens da padroeira Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e
de Santa Efigênia, santos de devoção particular dos negros.
Em 30 de maio de 1817 Dom João concedeu a autorização para que pudessem
construir o templo, cujas obras foram muito lentas em decorrência da falta de
recursos financeiros dos escravos e também da falta de tempo para trabalharem
na edificação, uma vez que somente depois de cumpridas as tarefas diárias é que
os homens cativos podiam se dedicar à sua construção.
No ano de 1825 os Irmãos da Capela de Nossa Senhora do Rosário do Arraial do Turvo
elaboraram o Compromisso da Irmandade, que foi aprovado no ano de 1830. A
associação tinha por objetivo angariar esmolas para a construção e melhorias do
templo, além de organizar procissões, festas e a tradicional coroação de reis e
rainhas da Irmandade.
O tenente Manoel
Teixeira Marinho, falecido em Madre de Deus aos 15 de março de 1834 legou, em
testamento, cinquenta mil réis para as obras da Capela de Nossa Senhora do
Rosário, o que comprova que os escravos também recebiam auxílio financeiro de
seus senhores para a construção do templo.
Estima-se que os trabalhos de construção e acabamento
da Igreja do Rosário tenham durado mais de oitenta anos. Sabe-se que o
altar-mor, por exemplo, foi concluído em 1896, sendo obra do artífice Manoel
Gonçalves Ferreira.
A respeito desta
Igreja, eis o que noticiou o periódico local "O Amigo do Povo", em
sua edição de 08 de julho de 1906:
"A devoção de Nossa Senhora
do Rosário nas pessoas de seus membros abaixo assignados, vem fazer um appelo
aos devotos d'aquella Nossa Senhora, afim de que se possa angariar donativos
para a grande reforma que vae ser intentada pela mesma devoção na Capella de
N.S. do Rosário que, após os grandes temporaes cahidos no começo deste
calamitoso anno, se acha em lamentavel estado e necessitando desses urgentes
concertos. Os concertos a se realizarem montam em uma soma superior à que
existe nos cofres da devoção e, sem o auxílio dos devotos, para cuja caridade
appellamos, impossivel será se effectuarem aquelles trabalhos, sem os quaes
caminha a elegante capella para uma ruína certa. Os abaixo assignados vão
distribuir listas entre os negociantes desta cidade e alguns devotos das
circunvizinhanças, afim de facilitar o angariamento das espórtulas e desde já
vão antecipando os seus maiores agradecimentos a todos aqueles que accederem ao justo
pedido. Cidade do Turvo, 03 de junho de 1906 (aa) Thesoureiro - Gustavo Ernesto
Alves, Secretário - Martiniano Gonçalves Cardoso, Procurador Ernesto de Andrade
Alves".
Em julho de 2003, por iniciativa do Pe. Domingos Sávio da
Silva, foi iniciada a maior e mais completa reforma pela qual o templo já
passou em seus quase dois séculos de existência. As obras foram custeadas pela
comunidade católica andrelandense com o auxílio da empresa FURNAS S/A. Toda a
reforma foi projetada e acompanhada pelo arquiteto José Marcos Alves Salgado,
que procurou preservar ao máximo a originalidade do templo e destacar a beleza
de seus elementos artísticos.
Em 05 de março de 2005 a Igreja do Rosário – marca da
arquitetura colonial mineira e testemunha da devoção dos escravos a Nossa
Senhora - foi entregue novamente ao povo andrelandense, que tem razões de sobra
para se orgulhar da recuperação deste nosso valioso patrimônio cultural.
Se quiser saber mais detalhes sobre o assunto, conheça o livro abaixo.
http://terradeandre.blogspot.com.br/2017/02/livro-andrelandia-3500-anos-de-historia.html
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