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sábado, 23 de fevereiro de 2019

TRIBUTO DE GRATIDÃO AO CARIDOSO DENTISTA RUFINO PEREIRA JÚNIOR




                Nos tempos de antanho, quando raros eram os profissionais da área da saúde e precárias as técnicas de tratamento, a dor de dente era um dos maiores e mais temidos tormentos da população brasileira.
Rufino Pereira Júnior no início de seus estudos de odontologia


Nas cidades do interior, aqueles que experimentavam  problemas bucais, a exemplo de cáries, perda de dentes e afecções, em geral tinham que recorrer a “curiosos” e “entendidos” que, em geral, receitavam o uso de infusões de plantas medicinais, a ingestão de cachaça ou arrancavam o “elemento problemático” com as próprias mãos ou se valendo de ferramentas improvisadas, como turquesas de uso nas lidas da roça.

No início do século XX a odontologia na região da cidade do Turvo, a nossa Andrelândia, era ainda muito incipiente e poucos eram os profissionais que podiam aliviar o sofrimento dos que padeciam  de dores de dente.

Entre os pioneiros que chegaram à cidade com tal missão está o Sr. Rufino Pereira Júnior, que por cerca de três décadas dedicou-se, com esmero e desprendimento, a aliviar o sofrimento principalmente dos mais pobres e desvalidos.

Nascido em 04 de abril de 1894 em Santo Antônio da Estrela (atual Estrela Dalva, na  Zona da Mata Mineira),  o nosso personagem era filho de Rufino Pereira e de Maria Deolinda Pereira. 

Tomou gosto pela odontologia prática ainda jovem e já na casa dos vinte anos possuía equipamentos portáteis e desmontáveis, com os quais prestava seus serviços de extração, restauração e tratamento de dentes sobretudo nas fazendas e estações ferroviárias da região. Foi em suas andanças como dentista prático que conheceu a cidade do Turvo, onde passou a atender.

Após ter se casado com a prima Maria da Glória Pereira, Rufino mudou-se para Andrelândia, adquirindo uma casa na antiga “Avenida Minas Geraes”, atual Avenida Nossa Senhora do Porto, em local hoje correspondente à casa da família do Sr. Sebastião de Sousa (Sr. Tãozinho do Posto), onde nasceram os filhos Eny Pereira, João Batista Pereira, Maria Deolinda Diniz e Marilena Lourenço Pereira.

O imóvel, que contava com um alpendre lateral, também abrigava o gabinete dentário do Sr. Rufino, onde boa parte da sociedade andrelandense tratava dos dentes. No início, os equipamentos de perfuração, para fins de obturação, eram movidos a correias de couro inseridas em polias tocadas a pedal. Era a tecnologia então disponível.

Sr. Rufino e Dona Maria da Glória com os filhos Eny, João Batista, Maria Deolinda e Marilena, na casa situada na Avenida Nossa Senhora do Porto. Década de 1930

Na década de 1930, quando o Sr. Rufino formou-se oficialmente em odontologia pela Universidade do Rio de Janeiro, da então capital federal ele trouxe um moderno “Gabinete Electro-Dentário”, revolucionando os conceitos de tratamento odontológico na cidade, com a estruturação do consultório de acordo com as mais modernas tecnologias da época.

Foto de formatura de Rufino - 1936



Convite de  Formatura


Mas para além do profissionalismo e inovação, em nossas pesquisas descobrimos uma faceta do caráter do Sr. Rufino que ficou perdida nas brumas das décadas já decorridas desde que ele nos deixou, prematuramente, no ano de 1944: a caridade.


Rufino no interior do seu sofisticado Gabinete 
Electro-Dentário


Naqueles tempos em que a população rural andrelandense, sabidamente pobre, formava a maior parte de nossos habitantes, muitos eram os que, sofrendo dores torturantes em razão de abcessos e outros problemas bucais,  partiam do Caconde, Congonhal,  Dois Irmãos e outras localidades rurais  em direção ao consultório do Sr. Rufino em busca de tratamento e alívio.

A falta de recursos financeiros do paciente nunca obstou o atendimento atencioso e dedicado do nobre dentista, que tudo fazia para levar o alento e a cura a todos os que demandavam seus préstimos. Velhos tempos de solidariedade e desprendimento...

Não raras vezes, demoradas extrações dentárias e complexas cirurgias realizadas gratuitamente em pessoas carentes eram posteriormente  retribuídas, de forma espontânea e humilde, com galinhas, doces, frutas e ovos. 

A generosidade e a retidão de caráter do Sr. Rufino Pereira Júnior foram transmitidas aos seus descendentes, que, para nossa alegria, ainda hoje fazem parte da família andrelandense. Mesmo os que atualmente residem fora nunca perderam o contato com nossa cidade, à qual dedicam especial carinho.

Ao Sr. Rufino Pereira Júnior, caridoso dentista da Terra de André,  as nossas mais sinceras homenagens e o nosso eterno muito obrigado !

7 comentários:

  1. Não conhecia o história do Sr. Rufino. Ótimo que você a tenha contado!

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  2. Fiquei muito feliz em conhecer esta história!!

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  3. Que alegria ver a história de meu avô sendo resgatada! Sinto-me muito orgulhoso por descender desta figura que levava conforto e alívio para quem sofria. Um homem de ciência e prática. Obrigado aos responsáveis por esta pesquisa e publicação!

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  4. Muito interessante a história do Sr. Rufino, as duas famílias Pereira de Andrelândia contribuindo com bons dentistas para cidade, no caso da minha família com meu avô KiKa das décadas de 60 a 80 e de 2000 até atualmente com minha prima Andréa.

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  5. Quanta satisfação em ver este lindo trabalho do Dr. Marcos Paulo! Trabalho minucioso e paciente, semelhante à confecção de uma colcha de retalhos: devagar, aos poucos, dia a dia selecionando fotos e histórias bonitas de Andrelândia , hoje pudemos conhecer um pouco mais sobre a vida do nosso ilustre ancestral e sua cidade .
    Vô Rufino deixou para nós, seus descendentes e conterrâneos , um belo exemplo de honradez, caridade e competência.
    Parabéns Dr. Marcos Paulo pelo excelente trabalho e obrigada por nós proporcionar esta alegria de saber um pouco mais sobre o nosso passado. Forte abraço !

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  6. Guardo somente algumas boas lembranças de meu pai Rufino pois, sendo a caçula de quatro filhos, ele foi embora deste mundo quando eu tinha apenas meus seis anos de idade. Lembro-me dele bonito, sensato, altivo e carinhoso conosco! Na minha lembrança, vejo-o tocando bandolim, conversando com compadres, vizinhos e trabalhando em seu gabinete. Cresci na minha Andrelandia, só escutando elogios de meu querido pai , a quem tantos amavam, pela sua solidariedade, companheirismo, caridade, sem deixar de ser enérgico quando precisava.
    Marcos Paulo conseguiu retratar meu amado pai com perfeição! Sou muito grata a ele por nos incentivar a remexer nosso passado e fazer renascer aquele homem maravilhoso que partilhou sua tão breve vida conosco !
    Parabéns pelo minucioso e lindo tributo ao Dr. Rufino Pereira Júnior, Rufininho como o chamava carinhosamente minha mãe, D.Maria da Glória !
    Enfim, como nossas vidas são cheias de perdas mas, fatalmente aprendemos a superá-las, com a graça de DEUS, hoje estou aqui com satisfação, vendo as memórias de meu querido pai sendo retratadas de forma tão fiel e distinta ! Muita gratidão !!!!
    Marilena Lourenço Pereira.

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  7. Meu avô Rufino Pereira juJuni, sinto_me emocionada para falar de sua pessoa! Embora não tenha conhecido, mas minha mãe, sua filha, meu pai e meu tio Batista seu filho, sempre lembravam do senhor e contavam sua vida... Foi um guerreiro... Passou por esta vida deixando rastros de bondade, caridade e muitas luzes, exemplos de um grande homem, que só procurou fazer o bem ao povo Andrelandense. Empregava os necessitados em sua linda " Granja Tiradentes", onde ia pela linha de trem afora, sentido Arantina, poucos kms. daqui de Andrelândia, onde havia suas plantações e suas cabeças de gado de leite, que serviam, para sua família e também, para seus empregados, os quais cuidava de seus dentes e de suas famílias, que sofriam terríveis dores de dentes. Sempre alegre, feliz, amava Andrelândia! Reunia com seus amigos e tocava seu bandolim, nas tardes de verão. Tudo era alegria. Trabalhava mais em prol aos necessitados. Fazia cirurgias bucal a quem tinha câncer de boca, a pedido do médico local da época, era bem sucedido. Pagavam os que podiam, também os que vinham de fora tratar de seus dentes. Mais mrsme eram caridades. Vovo também contava, a cadeia era vizinha da casa do meu avô, então, quando ele viajava para fazer cursos no Rio de Janeiro, deixava com ela medicamentos para curar os dentes dos presos que estivessem gritando de dor de dente, assim minha vó fazia, em companhia dos soldados, porque presos naquela época, eram ladrões de galinha, verduras, porcos... Meu avô, não construi riquezas, mas construiu MUITO AMOR. Partiu cedo, câncer estômago, deixando filho pequenos, e, um vazio sem fim... Tudo escureceu!!! Tudo acabou!!!Seu legado ficou para sempre como exemplo e jamais será apagado de nossas vidas meu amado AVÔ! A minha SAUDADE, o meu agradecimento por ser meu avô com muita honra! Que DEUS de bondade o carregue nos braços, na Eterna Morada, onde vamos nos encontrar um dia e, assim, creio eu, que poderei dizer o quanto te AMO. Ate um dia, se assim Deus permitir, meu eterno e amado vovô Rufino Pereira.
    Ao Dr Marcos Paulo, minha gratidão, pelos seu encantador trabalho_ Tributo de GRATIDÃO ao Caridoso Dentista Rufino Pereira Junior_ TERRA DE ANDRÉ_. Pelos seus esforços, na busca de de documentários e informações. Que bom Deus te abençoe sempre! E grande Sucesso! Muito obrigada! Elizabeth Pereira Abrahão.

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